História da Sojourner Truth

História da Sojourner Truth

E eu não sou uma mulher?

Você já ouviu falar desse discurso ou melhor, de quem o fez?

Possivelmente a resposta será não (infelizmente)

Existem muitas mulheres negras a frente do seu tempo que tristemente são esquecidas, mulheres que nos ajudaram a ter mais visibilidade e que lutaram para que a gente possa desfrutar dos direitos que temos atualmente.

Hoje iremos falar sobre uma dessas mulheres, a autora desse discurso tão marcante e preocupantemente atual.

Quem foi Sojourner Truth?

Sojourner foi uma mulher negra, ex escrava que lutava fortemente pela abolição da escravatura e direitos para as mulheres, foi pioneira na luta do feminismo negro. Esse discurso tão marcante foi feito em uma reunião que abordava a causa feminista e a abolição da escravatura, mas curiosamente, as pessoas que faziam parte deste público eram brancas, e pior ainda, não queriam que a Sojourner falasse, pois achavam que as pessoas negras não tinham capacidade para discursar. Ela, contrariando tudo e todos, fez sua voz ser presente em um discurso que nos marca pela dolorosa verdade.

Segue o discurso:

“Aqueles homens ali dizem que as mulheres precisam de ajuda para subir em carruagens, e devem ser carregadas para atravessar valas, e que merecem o melhor lugar onde quer que estejam. Ninguém jamais me ajudou a subir em carruagens, ou a saltar sobre poças de lama, e nunca me ofereceram melhor lugar algum! E não sou uma mulher?

Olhem para mim? Olhem para meus braços! Eu arei e plantei, e juntei a colheita nos celeiros, e homem algum poderia estar à minha frente. E não sou uma mulher?

Eu poderia trabalhar tanto e comer tanto quanto qualquer homem – desde que eu tivesse comida para isso – e suportar o açoite também! E não sou uma mulher?

Eu pari treze filhos e vi a maioria deles ser vendida para a escravidão, e quando eu clamei com a minha dor de mãe, ninguém a não ser Jesus me ouviu! E não sou uma mulher?

Daí eles falam dessa coisa na cabeça; como eles chamam isso… (alguém da audiência sussurra, “intelecto”). É isso querido. O que é que isso tem a ver com os direitos das mulheres e dos negros? Se o meu copo não tem mais que um quarto, e o seu está cheio, porque você me impediria de completar a minha medida?

Daí aquele homenzinho de preto ali disse que a mulher não pode ter os mesmos direitos que o homem porque Cristo não era mulher! De onde o seu Cristo veio? De onde o seu Cristo veio? De Deus e de uma mulher! O homem não teve nada a ver com isso.

Se a primeira mulher que Deus fez foi forte o bastante para virar o mundo de cabeça para baixo por sua própria conta, todas estas mulheres juntas aqui devem ser capazes de conserta-lo, colocando-o do jeito certo novamente. E agora que elas estão exigindo fazer isso, é melhor que os homens as deixem fazer o que elas querem.

Agradecida a vocês por me escutarem, e agora a velha Sojourner não tem mais nada a dizer. “

Com esse texto gostaríamos de deixar a reflexão e a memória da Sojourner viva, para sempre lembrarmos de quem lutou e luta por nós.