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Setembro Amarelo e Saúde Mental da Mulher Preta

Setembro Amarelo e Saúde Mental da Mulher Preta

O mês de Setembro de cada ano, também conhecido como Setembro Amarelo, é  dedicado à conscientização da prevenção ao suicídio no Brasil e no mundo. A data foi  instituída em 2003 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e  a origem teve início com a história de Mike Emme, jovem estadunidense que cometeu suicídio em 1994.



Mike, conhecido por suas habilidades mecânicas e por ajudar todos à sua volta, restaurou um Ford Mustang 1968, pintando-o de amarelo. Após seu suicídio, que surpreendeu amigos e familiares, foi fundado o programa Yellow Ribbon (Fita Amarela).

Ele era visto como um jovem amoroso e engraçado, o que destaca a importância de reconhecer sinais de sofrimento emocional, já que nem todos revelam suas dificuldades.


Saúde Mental de Mulheres Pretas

Muito pouco se fala da importância da saúde mental da mulher preta na mídia.




É sobre isso que viemos falar nesse texto.

Realizamos uma entrevista com a psicóloga Rebeca Lopes Santana CRP 08/29511 especialista em psicologia analítica para falarmos sobre a saúde mental.




O que são transtornos ou doenças mentais? Existe alguma diferença esses dois termos?

    1. Transtorno mental: refere-se a uma condição psicológica que afeta o comportamento, pensamentos ou emoções de uma pessoa de forma significativa, mas nem sempre de maneira contínua ou grave.

      Exemplos incluem transtornos de ansiedade, depressão e transtornos de personalidade. O termo "transtorno" é mais amplo e pode variar em intensidade e duração, e muitas vezes é tratável com terapia ou medicamentos.

    2. Doença mental: por outro lado, geralmente se refere a condições mais graves e crônicas, que causam distúrbios mentais mais profundos e contínuos. São condições que afetam gravemente o funcionamento diário de uma pessoa, como esquizofrenia ou transtorno bipolar.

      As doenças mentais frequentemente exigem tratamento mais intensivo, como acompanhamento psiquiátrico e medicamentos de longo prazo.


    Quais os tipos de doenças mentais mais frequentes na população preta?

    No Brasil, ainda existem poucas pesquisas específicas sobre a prevalência de transtornos mentais na população negra.

    A ausência de dados desagregados por raça em estudos epidemiológicos e a análise incompleta dos dados disponíveis dificultam uma compreensão precisa dessa questão.

    No entanto, alguns estudos e análises apontam que a população negra brasileira enfrenta um maior risco de transtornos mentais devido a fatores como racismo estrutural, discriminação racial, pobreza, exclusão social e acesso limitado a serviços de saúde mental.

    O racismo é um fator de estresse crônico que afeta diretamente a saúde mental da população negra. Estudos mostram que a exposição ao racismo está associada a maiores níveis de ansiedade, depressão e transtornos de estresse pós-traumático (TEPT). Além disso, as condições de vida precárias podem contribuir para o desenvolvimento de transtornos relacionados ao uso de substâncias.


    A falta de saúde mental pode afetar uma pessoa? Em quais pontos?


    Uma saúde mental comprometida pode prejudicar o individuo em seus sentimentos e emoções, nos relacionamentos, no desempenho no trabalho e estudos, na saúde física, dificultar tomada de decisões, diminuição do autocuidado e aumento de pensamentos autodestrutivos.


    Existem tipos de transtornos mentais mais graves que outros?

    Sim, alguns transtornos mentais são considerados mais graves que outros, dependendo de uma série de fatores, como a intensidade dos sintomas, o impacto na funcionalidade da pessoa, a cronicidade e a resposta ao tratamento.

    No entanto, é importante lembrar que qualquer transtorno mental pode ser debilitante se não for tratado especificamente. A gravidade de um transtorno mental pode variar, e a experiência de cada indivíduo é única.

    Qual é a importância de termos cada vez mais discussões sobre saúde mental, como essa abordagem agregaria positivamente na sociedade?


    Redução do estigma, aumento da consciência e educação, prevenção e intervenção precoce, promoção de ambientes saudáveis, fortalecimento das relações interpessoais, aumento da produtividade e bem-estar, redução da criminalidade e conflitos sociais, inclusão de politicas publicas.


    Quais os sintomas ou sinais que indicam um problema de saúde mental?

    Problemas de saúde mental podem se manifestar de maneiras diversas, com sinais e sintomas que variam em intensidade e duração.

    Entre eles estão: alteração no humor, tristeza persistente, mudanças bruscas de humor, sentimento de vazio e desesperança, ansiedade excessiva ou medo, preocupação constante, medos irracionais, fobia de situações cotidianas, problemas com o sono, alteração no apetite ou peso, fadiga ou perda de energia, dificuldade de concentração e na tomada de decisões, isolamento social, sentimento de inutilidade e culpa, pensamentos suicidas ou de morte, comportamentos autodestrutivos (automutilação, abuso de substancias, comportamentos de risco como direção perigosa e sexo desprotegido), dores físicas (dores de cabeça, problemas gastrointestinais, tensão muscular, doenças de pele, etc) - que podem estar ligados a transtornos psicossomáticos.


    Como saber quando uma pessoa deve procurar ajuda psicológica?


    Há uma frase de Nietzche que diz: "Siga a tua angustia, ela é o caminho a ti mesmo". Lacan também nos diz que "a angustia é o único afeto que não mente". Sempre quando essa pergunta chega, uma coisa é certa, é o momento de buscar ajuda! Se há algo de angustiante ou incomodo, é o indicativo de que há algo precisando de atenção, um olhar mais aguçado e com calma.

    Nosso inconsciente se comunica, nos manda sinais, os sintomas são mensageiros da alma, apontando o momento e a área que precisa de nossa atenção.


    É necessário algum tipo de transtorno ou sintomas para procurar ajuda psicológica?

    O processo terapêutico pode auxiliar no autoconhecimento, desenvolvimento pessoal, melhora nos relacionamentos, transições de vida e tomada de decisões, prevenção de problemas futuros, aperfeiçoamento de habilidades socioemocionais, exploração de questões existenciais, entre outros.

    Buscar ajuda psicológica é um ato de autocuidado e pode ser extremamente benéfico em qualquer fase da vida, independente de sintomas ou transtornos.


    Onde uma mulher com saúde mental em dia pode chegar?

    Com o equilíbrio emocional, ela tem mais clareza para focar nas suas metas profissionais e, claro, desenvolver suas habilidades de uma forma muito mais consciente. Isso a ajuda a lidar melhor com os desafios do dia a dia e até a assumir posições de liderança, ou mesmo abrir o próprio negócio, se for o caso. Além disso, com a mente equilibrada, ela tem mais capacidade de construir e manter relacionamentos saudáveis. 

    Quando falamos de saúde mental, estamos falando também de autoconhecimento. Uma mulher que está bem mentalmente se sente mais confiante para sair da zona de conforto, encarar desafios e aprender com as experiências, tanto as boas quanto as ruins. Isso a torna mais resiliente e preparada para as mudanças da vida.


    O campo das doenças mentais ainda é estigmatizado. Como podemos e devemos combater esse preconceito?

    A falta de conhecimento sobre saúde mental é uma das principais razões para o estigma, ensinar sobre os diferentes tipos de transtornos mentais e desmistificar preconceitos é essencial.

    Algumas das formas de enfrentar e reduzir o estigma relacionado à saúde mental é:
    1. Falar abertamente sobre saúde mental: O silêncio em torno das doenças mentais reforça o estigma.

    2. Encorajar a buscar ajuda: Promover a ideia de que procurar ajuda psicológica ou psiquiátrica é um ato de autocuidado e força, e não um sinal de fraqueza.

    3. Apoiar quem está em tratamento: Reconhecer que a recuperação mental pode ser complexa e que o suporte emocional faz toda a diferença.

    4. Promover ambientes inclusivos: Estimular políticas de saúde mental nas empresas, escolas, universidades.

    O combate ao estigma das doenças mentais depende de uma ação conjunta de educação, diálogo, apoio emocional e mudanças de políticas públicas.

    Você não está sozinha

    Procure ajuda e tenha em mente que você não precisa aguentar tudo sozinha, buscar apoio, abrir-se para os outros e permitir-se sentir são passos fundamentais para preservar a sua saúde mental, ás vezes, um simples desabafo pode trazer alívio e clareza.

    Cada passo que você dá é um convite à conexão, um lembrete de que há mãos estendidas à sua volta. Respire fundo, busque o apoio que precisa e lembre-se:

    Você não está sozinha, a sua vida importa.

     


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